Política pública de segurança dilacerada: o exemplo da Lei 13491/2017 e suas consequências penais e processuais penais

Luiz Gustavo Gonçalves Ribeiro

Resumo


Em 13 de outubro de 2017, entrou em vigor a Lei 13.491/2017, justificada pela necessidade de imprimir segurança jurídica às situações de crimes dolosos contra a vida de civis praticados em atividade de policiamento ostensivo por militares federais das forças armadas. Apesar dos vícios de constitucionalidade e de violação às Convenções Internacionais de Direitos Humanos das quais o Brasil é signatário, a Lei encontra-se em vigor e tem produzido uma série de consequências penais e processuais penais cuja estirpe passou despercebida nas discussões que ensejaram a sua posterior edição. Com isso, o texto tem por propósito demonstrar que as políticas públicas na área da segurança são açodadas e equivocadas, priorizam a repressão à prevenção e são inconsequentes quanto à pobreza na discussão e reflexão dos efeitos que produzem. Pontuar os vícios e as consequências penais e processuais penais trazidas pela lei dimensionam a importância e a relevância do texto para futuras práticas governamentais e para orientar juízos de avaliação de (in) constitucionalidade e (in) convencionalidade da lei, o que se fará à luz da vertente metodológica jurídico-teórica e do raciocínio lógico dedutivo.

Palavras-chave


Segurança pública; Lei 13491/2017; Consequências; Vícios

Texto completo:

PDF

Referências


ARGENTINA. Caso Gomes Lund y otros Vs. Brasil. Disponível em: http://www.defensachubut.gov.ar/biblioteca/node/3035. Acesso em: 28 dez. 2017.

ARAS, Vladimir. As novas competências da justiça militar após a Lei 13491/2017. Disponível em: https://vladimiraras.blog/2017/10/18/as-novas-competencias-da-justica-militar-apos-a-lei-13-4912017/. Acesso em: 8 jan. 2018.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 5.768-A de 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1475302&filename=REDACAO+FINAL+-+PL+5768/2016. Acesso em: 8 jan. 2018.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Lei n. 13.491 de 13 de outubro de 2017. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2017/lei-13491-13-outubro-2017-785566-veto-153950-pl.html. Acesso em: 9 jan. 2018.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Diário da Câmara dos Deputados. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2018. http://imagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD0020160707001120000.PDF#page=178

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei n. de 2016. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=9B7601D3A307F5D8ACA81780EF865B55.proposicoesWebExterno2?codteor=1474872&filename=PL+5768/2016. Acesso em: 10 jan. 2018.

BRASIL. Código de Processo Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/ Del3689.htm. Acesso em: 20 dez. 2017.

BRASIL. Código de Processo Penal Militar. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del1002.htm. Acesso em: 20 dez. 2017.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Carmen Lúcia diz que preso custa 13 vezes mais que estudante no Brasil. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/83819-carmen-lucia-diz-que-preso-custa-13-vezes-mais-do-que-um-estudante-no-brasil. Acesso em: 20 jan. 2018.

BRASIL. Presidência da Republica. Constituição Federal de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 22 jan. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Informativo STF. Disponível em: http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo886.htm. Acesso em: 20 jan. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário (Processo n. 600817). Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Tribunal Pleno. Julgado em: 7 nov. 2013. Disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7026454. Acesso em: 19 jan. 2018.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário (Processo n. 466343). Relator: Ministro Cezar Peluso. Tribunal Pleno. Julgado em: 3 dez. 2008. Disponível em: http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+466343%2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2+466343%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/ap5fko8. Acesso em: 3 jan. 2018.

CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Ficha técnica: Durand y Ugarte Vs. Peru. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/ficha_tecnica.cfm?nId_Ficha=198〈=es. Acesso em: 20 dez. 2017.

CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Ficha técnica: Radilla Pacheco Vs. México. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/CF/jurisprudencia2/ficha_tecnica.cfm?nId_Ficha=360. Acesso em: 20 dez. 2017.

CORTE INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Ficha técnica: Nadege Zormena y outor Vs. República Dominicana. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr/cf/Jurisprudencia2/ficha_tecnica.cfm?nId_Ficha=226〈=es. Acesso em: 20 dez. 2017.

FOUREAUX, Rodrigo. A Lei 13.491/17 e a ampliação da competência da justiça militar. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/61251/a-lei-13-491-17-e-a-ampliacao-da-competencia-da-justica-militar. Acesso em: 15 jan. 2018.

GALVÃO, Fernando. Natureza material do dispositivo que amplia o conceito de crime militar e o deslocamento de inquéritos e processos em curso na justiça comum para a justiça militar. Disponível em: https://www.observatoriodajusticamilitar.info/single-post/2017/11/23/Natureza-material-do-dispositivo-que-%20mplia-o-conceito-de-crime-militar-e-o-deslocamento-dos-inqu%C3%A9ritos-e-processos-em-cursonaJusti%C3%A7aComum-para-a-Justi%C3%A7a-Militar. Acesso em: 21 jan. 2018.

HOFFMANN, Henrique; BARBOSA, Ruchester Marreiros. Ampliação de competência militar é inconstitucional e inconvencional. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2017-nov-28/academia-policia-ampliacao-competencia-crimes-militares-inconstitucional. Acesso em: 15 jan. 2018.

JARDIM, Afrânio Silva. O conceito de crime militar e a nova lei. Disponível em: https://www.facebook.com/afraniojardim/posts/888356001313693. Acesso em: 20 jan. 2018.

KARAN, Maria Lúcia. Competência no processo penal. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

KELSEN, Hans. O problema da justiça. Tradução de João Baptista Machado. São Paulo: M. Fontes, 2003.

KUHN, Thomas S. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.

NACIONES UNIDAS. Derechos humanos. Disponível em: http://www.oas.org/pt/cidh/prensa/notas/2017/160.asp. Acesso em: 11 jan. 2018.

RIBEIRO, Luiz Gustavo Gonçalves; THOMÉ, Romeu. La protezione penale dell’ambiente come diritto umano costituzionale. Revista Veredas do Direito, Belo Horizonte, v. 14, n. 28, p. 33-71, jan./abr. 2017. Disponível em: http://www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/1014/538. Acesso em: 15 jan. 2018.

TEMER, Michel. Elementos de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2008.

ZAFFARONI, Eugênio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. 6. ed. São Paulo: RT, 2006. v. 1.




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v8i1.5057

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia