O Novo Constitucionalismo na América Latina e Caribe e a construção do direito à saúde

Alethele De Oliveira Santos, Maria Célia Delduque, Moacyr Rey Filho

Resumo


O objetivo deste artigo é analisar como o novo Constitucionalismo na América Latina e Caribe contribui para a construção e concretização do direito à saúde. Para tanto, são apresentados conceitos dos subsistemas jurídico e sanitário, na América Latina e Caribe. Busca-se ainda a correlação das formas de institucionalização e de efetivação do direito à saúde, no contexto do chamado ‘novo constitucionalismo’, e a pretensão de sua ruptura com o princípio universalista, a partir da interpretação do conceito de cobertura universal. Os métodos utilizados foram o estudo exploratório da retórica na área de saúde, bem como em material bibliográfico relativo ao ‘Novo Constitucionalismo’ na América Latina e Caribe. As normas que tratam da efetivação dos direitos sociais são prospectivas e se irradiam pelo sistema jurídico, condicionando a interpretação e aplicação do direito infraconstitucional à realização e concretização dos programas constitucionais necessários à garantia das condições de existência humana digna. Uma vez que as normas regentes do direito à saúde geram expectativas e promovem o processo evolutivo das sociedades, devem ser cumpridas em sua integralidade, garantido-se o acesso universal aos serviços de saúde. Portanto, a aplicação dos conceitos de universalidade do direito à saúde ou cobertura universal em saúde nos sistemas sanitários apresentados pelo “novo constitucionalismo” na América Latina e Caribe não permite atuações desarrazoadas e socialmente descompromissadas dos poderes constituídos, uma vez que podem levar a desestruturação dos sistemas de saúde.

Palavras-chave


Novo constitucionalismo. Direito à Saúde. Cobertura Universal.

Texto completo:

PDF

Referências


AROUCA, A. S. O dilema preventivista: contribuição para a compreensão e crítica da medicina preventiva. Campinas, 1975. [Tese de Doutoramento - Universidade Estadual de Campinas].

Ley 100, de 23 de diciembre de 1993. Por la cual se crea el Sistema de Seguridad Social Integral y se dictan otras disposiciones. Diario Oficial 41.148, Bogotá, DC, 23 dic. 1993

BARRETO, M.L. A epidemiologia, sua história e crises: notas para pensar o futuro. In: Costa, D.C (org). Epidemiologia, teoria e objeto. São Paulo, HUCITEC/ ABRASCO, 1990. p. 19-38.

BOITO Jr, A. As bases políticas do neodesenvolvimentismo. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-44782013000300004. Acesso em 10 jan 2018

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas; 2016.

BUCCI, MPD. O conceito de política pública em Direito. In Maria Paula Dallari Bucci (org.). Políticas Públicas: Reflexões sobre o Conceito Jurídico. São Paulo: Saraiva, 2006. p.1-49

CARBONELL, M; OROZCO, W; VAZQUEZ, R (Org.). Estado de derecho: concepto, fundamentos y democratización em América Latina. México: Siglo Veintiuno, 2002.

CÁRDENAS, W.I.L; PEREIRA, A.M.M; MACHADO, C.V; Trajetória das relações público-privadas no sistema de saúde da Colômbia de 1991 a 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v33s2/1678-4464-csp-33-s2-e00114016.pdf. Acesso em 10 jan. 2018].

DONNANGELO, M.C.F. Saúde e sociedade. São Paulo, Duas Cidades, 1976.

FEE, E. Disease and discovery: a history of the John Hopkins School of Hygiene and Public Health - 1916-1939. Baltimore, The John Hopkins University Press, 1987.

FERREIRA, J.R. La crisis. In: Organización Panamericana de la Salud. La crisis de la salud pública: reflexiones para el debate. Washington, D.C., 1992. p. 233-36. (OPS - Publicación Científica, 540).

FONSECA, A.M.M. VIANA, A.L D. Direito à saúde, atenção básica e transferências condicionadas de renda na América Latina. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n6/v12n6a10. Acesso em 11. Jan. 2018.

FOUCAULT, M. Surveiller et punir. Paris, Gallimard, 1979.

LAURELL, AC, Herrera J. La segunda reforma de salud. Aseguramiento y compra-venta de servicios. Salud Colectiva. 2010;6(2):137-48. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=73115020002. Acesso em 10 jan 2018.

LAURELL, AC. The Mexican popular health insurance. Disponível em: Ihttp://www.scielo.br/pdf/rlae/v24/pt_0104-1169-rlae-02668.pdf. Acesso em 10 jan 2018.

LINERA, A. Estado multinacional, La Paz, Malatesta, 2005.

MACEDO, C.G. El contexto. In: Organización Panamericana de la Salud. La crisis de la salud pública: reflexiones para el debate. Washington, D.C., 1992. p. 237- 43. (OPS - Publicación Científica, 540).

MADUREIRA. P. O Sistema de Saúde Cubano. Disponível em: https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19944/1/Sistema%20de%20Sa%C3%BAde%20Cubano%20-%20final.pdf. Acesso em 10 jan 2018.

MARTINEZ DALMAU, R. e VICIANO PASTOR, R. Aspectos generales del nuevo constitucionalismo latinoamericano. In: EL NUEVO constitucionalismo en América Latina: memorias del encuentro internacional el nuevo constitucionalismo: desafíos y retos para el siglo XXI. Corte Constitucional del Ecuador, Quito, 2010. p. 9-44.

MERCEDES, José. Acesso em 10 jan 2018. Disponível em: http://www.paho.org/ecu/index.php?option=com_content&view=article&id=1141:conferencia-internacional-hacia-cobertura-universal-salud-lima-peru-20-21-febrero&Itemid=360. Acesso aos 12.01.2018.

NORONHA, J.C. Cobertura universal de saúde: como misturar conceitos, confundir objetivos, abandonar princípios. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/9693/1/NORONHA_COBERTURA_UNIVERSAL_SAUDE_2013.pdf. Acesso em 10 jan 2018. Acesso em 10 jan 2018.

Organização Mundial da Saúde (OMS). O Financiamento dos Sistemas de Saúde: o caminho para a cobertura universal, 2010. Disponível em: http://www.who.int/whr/2010/10_summary_es.pdf?ua=1. Acesso em 10 jan 2018.

Organizacion Panamericana de La Salud. Desarrollo de la teoria y práctica de la salud publica en la Region de las Americas (1990-1995). Washington, DC. s/d.

Organizacion Panamericana de La Salud.Recursos humanos y sistemas locales de salud. Washington, D.C., 1994. (Serie Desarrollo de Recursos Humanos, 99, Desarrollo y fortalecimiento de Sistemas Locales de Salud - HSS/SILOS, 31).

Organizacion Panamericana de La Salud. Orientações estratégicas e programáticas: 1995-1998. Washington, D.C., 1995. (Documento Oficial, 269).

PAIM, J.S. Collective health and the challenges of practice In: Pan American Health Organization The crisis of public health: reflections for the debate. Washington, 1992. p. 136- 50. (Scientific Publication, 540).

PAIM, J.S. Saúde, crises, reformas. Salvador, Centro Editorial e Didático da UFBA.

PAIM, J.S. Medicina comunitária: introdução a uma análise crítica. Saúde debate, (1):9-12, 1976.

PAIM, J. S e Almeida Filho, N. Saúde Coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo aberto a novos paradigmas? Rev. Saúde Pública, 32 (4): 299-316, 1998. [internet]; [acesso em 11. Jan. 2018]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v32n4/a2593;

RODRIGUES Neto, E. Integração docente-assistencial em saúde. São Paulo, 1979. [Dissertação de Mestrado - Faculdade de Medicina da USP].

ROSEN, G. Da polícia médica à medicina social. Rio de Janeiro, Graal, 1980. p. 77-141, 213-42.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Refundación del Estado en América Latina. Instituto Internacional de Derecho y Sociedad, Lima. Julho 2010. p. 44-46;

SANTOS, Boaventura de Sousa. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.

SILVA, G.R. Origens da medicina preventiva como disciplina do ensino médico. Rev. Hosp. Clin. Fac. Med. S. Paulo, 28(2):31-5, 1973.

SOUSA AMC. Universalidade da saúde no Brasil e as contradições da sua negação como direito de todos. R. Katálysis, Florianópolis, v. 17, n. 2, p. 227-234, jul./dez. 2014. [Internet]. [Acesso em 10 jan 2018]. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/katalysis/article/download/32679/28074.

World Bank. Priorities in health research & development. [Report of Ad-hoc committee, 6th. draft], Cape Town, 1996.

World Health Organization. New public health and WHO’s Ninth General Programme of Work: a discussion paper. Geneva, WHO, 1995. Disponivel em: https://books.google.com.br/books/about/New_Public_Health_and_WHO_s_Ninth_Genera.html?id=j2XKSAAACAAJ&redir_esc=y. Acesso em 25 fev. 2019.

World Health Organization. Renewing the healthfor-all strategy: elaboration of a policy for equity, solidarity and health. Geneva, 1995. Disponível em:

World Health Organization- 1946. Constitution of the World Health Organization. Basic Documents. WHO. Genebra.

WOLKMER, Antonio Carlos. Constitucionalismo e direitos sociais no Brasil. São Paulo: Acadêmica, 1989.

WOLKMER, Antonio Carlos. Pluralismo jurídico: fundamentos de uma nova cultura do direito. 3. ed. São Paulo: Alfa Omega, 2001.

WOLKMER, A.C e Fagundes, L.M. Tendências contemporâneas do constitucionalismo latino-americano: Estado plurinacional e pluralismo jurídico. Disponível em: http://periodicos.unifor.br/rpen/article/view/2158/1759. Acesso em 11. Jan. 2018




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v9i2.6056

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia