Contribuição das áreas protegidas brasileiras no cumprimento da meta 11 do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020

Gabriela Barreto de Oliveira, Nicássia Feliciana Novôa, Geraldo Majela Moraes Salvio

Resumo


O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho do Brasil com relação ao cumprimento da Meta 11 de Aichi e Meta 11 Nacional, ao final do Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020, como forma de compreender a contribuição das Áreas Protegidas (AP) brasileiras na conservação da biodiversidade. Para isso, foi realizada uma revisão sistemática para compilação das evidências existentes nas diferentes fontes de informação sobre esse tema. Como resultados, foi visto que o Brasil apresenta cobertura terrestre e marinha por AP superior ao estabelecido na Meta 11 de Aichi (17% e 10%, respectivamente). Entretanto, os demais elementos, como representação ecológica, proteção de Áreas Chave para a Biodiversidade e serviços ecossistêmicos, gestão efetiva e equitativa, e conectividade e integração das AP com paisagens mais amplas, ainda estão longe de serem alcançados. Dessa forma, o Brasil não conseguiu cumprir a Meta 11 em sua totalidade, assim como nenhum dos países signatários deste acordo. A falta de indicadores precisos, bem como de dados sistematizados e atualizados sobre as AP, sobretudo Áreas de Preservação Permanente, Reservas Legais e Terras Indígenas, foi um limitante da pesquisa e prejudicou a avaliação do real desempenho nacional. Este estudo faz-se importante pois reúne informações difusas já existentes, a fim de se criar um arcabouço robusto e atualizado para apresentação e análise do cenário brasileiro perante esse acordo, e para identificação dos avanços alcançados e dos desafios que ainda necessitam ser ou que já foram superados pelo país com relação as suas AP.

Palavras-chave


Convenção sobre Diversidade Biológica; Meta 11 de Aichi; Metas Nacionais de Biodiversidade 2011-2020.

Texto completo:

PDF

Referências


ÁLVAREZ MALVIDO, M. et al. Informe Planeta Protegido 2020: Latinoamérica y el Caribe. RedParques, UNEP-WCMC, CMAP-UICN, WWF, CONANP y Proyecto IAPA. Ciudad de México, México; Cambridge UK; Gland, Switzerland; Bogotá, Colombia: 2021. Relatório.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BENSUSAN, N. Conservação da biodiversidade em áreas protegidas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

BRASIL. Decreto Legislativo nº 2, de 03 de fevereiro de 1994. Aprova o texto do Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada na Cidade do Rio de Janeiro, no período de 5 a 14 de junho de 1992. Diário Oficial da União,Poder Executivo, Brasília, DF, 1994.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da União,Poder Executivo, Brasília, DF, 2000. p. °1.

COELHO, B. H. D. S. Evolução histórica e tendências das Áreas Naturais Protegidas: de sítios sagrados aos mosaicos de Unidades de Conservação. Diversidade e Gestão, v. 2, n. 22, p.106-121, 2018. ISSN 2522-0044.

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO. Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil - dados de 2019. 2020. Relatório.

CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Aichi Biodiversity Targets. Disponível em: < https://www.cbd.int/sp/targets/ >. Acesso em: 28 ago. 2021.

CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. History of the convention. Disponível em: < https://www.cbd.int/history/ >. Acesso em: 28 ago. 2021.

CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Strategic Plan for the Convention on Biological Diversity. Disponível em: < https://www.cbd.int/decision/cop/?id=7200 >. Acesso em: 28 ago. 2021.

CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Quick guide to the Aichi Biodiversity Targets. 2020. Relatório.

ENDO, C. A. K. et al. Low connectivity compromises the conservation of reef fishes by marine protected areas in the tropical South Atlantic. Scientific Reports 2019 9:1, v. 9, n. 1, p.1-11, 2019.

FRANCO, J. L. D. A.; SCHITTINI, G. D. M.; BRAZ, V. D. S. História da conservação da natureza e das áreas protegidas: panorama geral. Historiae, v. 6, n. 2, p.233-270, 2015.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Situação Fundiária das Terras Indígenas. 2020.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Demarcação de Terras Indígenas. 2021a. Disponível em: < https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/terras-indigenas/demarcacao-de-terras-indigenas >. Acesso em: 28 ago. 2021.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Processo Administrativo de Demarcação das Terras Indígenas. 2021b. Disponível sob autorização da Funai em: < http://10.0.0.34:8080/geoserver/funai/ows?service=WFS&version=1.0.0&request=GetFeature&typeName=funai%3Avw_geo_ti_sirgas2000_documentos&outputFormat=excel >. Acesso em: 13 abr. 2021.

FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO. Proteção Territorial. 2021c. Disponível em: < https://www.gov.br/funai/pt-br/atuacao/terras-indigenas/fiscalizacao-e-monitoramento >. Acesso em: 28 ago. 2021.

GIGLIO, V. J. et al. Large and remote marine protected areas in the South Atlantic Ocean are flawed and raise concerns: Comments on Soares and Lucas (2018). Marine Policy, v. 96, p.13-17, 2018.

GRUPO DE TRABALHO DA SOCIEDADE CIVIL PARA A AGENDA 2030. Relatório Luz – ODS’s Brasil 2020 (abril) – ODS 15 1. 2020. Relatório.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Relatório de Gestão Integrada. 2020. Relatório.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Conselho Gestor das Unidades de Conservação Federais. 2021a. Disponível em: < https://dados.gov.br/dataset/conselho-gestor-das-unidades-de-conservacao-federais >. Acesso em: 29 ago. 2021.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Painel de Resultados Consolidado. 2021b. Disponível em: < http://samge.icmbio.gov.br/Painel >. Acesso em: 29 ago. 2021.

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Planos de Manejo das Unidades de Conservação Federais. 2021c. Disponível em: < https://dados.gov.br/dataset/planos-de-manejo-de-unidades-de-conservacao-federais >. Acesso em: 29 ago. 2021.

INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Terras Indígenas no Brasil. 2021. Disponível em: < https://terrasindigenas.org.br/pt-br/quem-sao >. Acesso em: 28 ago. 2021.

JENKINS, C. N.; JOPPA, L. Expansion of the global terrestrial protected area system. Biological Conservation, v. 142, n. 10, p.2166-2174, 2009. ISSN 00063207.

LINDE, K.; WILLICH, S. N. How objective are systematic reviews? Differences between reviews on complementary medicine. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 96, n. 1, p.17-22, 2003.

MARETTI, C. C.; SIMÕES, J. F. TICCAs: Análise da situação legal e da implementação no Brasil; territórios e áreas de povos indígenas e comunidades tradicionais e locais no Brasil e relações com os conceitos associados aos TICCAs. Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Brasília: 2020. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Glossário. Disponível em: < https://antigo.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/glossario.html >. Acesso em: 28 ago. 2021.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONABIO n 03, de 21 de dezembro de 2006. Dispõe sobre Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010.Poder Executivo, 2006.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Quarto relatório nacional para a convenção sobre diversidade biológica: Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Brasília: 2011. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONABIO n 06, de 03 de setembro de 2013. Dispõe sobre as Metas Nacionais de Biodiversidade para 2020.Poder Executivo, 2013.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Subsídios para um Plano de Ação Governamental e Diretrizes para o PPA 2016-19: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Brasília, DF: 2015. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Brasil: 5º relatório nacional para a Convenção Sobre Diversidade Biológica. Ministério do Meio Ambiente. Brasília: 2016. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade – EPANB: 2016-2020. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade, Departamento de Conservação de Ecossistemas. Brasília, DF: 2017. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Processo Brasileiro de Construção da Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade (EPANB) - Caminhos e Lições Aprendidas. Brasília: 2018. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Fichas Técnicas dos Indicadores das Metas Nacionais de Biodiversidade. Brasília: 2019. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Brasil: 6º Relatório Nacional para a Convenção sobre Diversidade Biológica. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria da Biodiversidade. Brasília, DF: 2020a. Relatório.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lista das Unidades de Conservação (UC) ativas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). 2020b. Disponível em: < http://dados.mma.gov.br/dataset/44b6dc8a-dc82-4a84-8d95-1b0da7c85dac/resource/c0babb3e-ec4e-4db5-a2b6-b79477260b0f/download/cnuc_2020_2-semestre.csv >. Acesso em: 28 ago. 2021.

OLIVEIRA JÚNIOR, J. G. C. et al. Measuring what matters – Identifying indicators of success for Brazilian marine protected areas. Marine Policy, v. 74, p.91-98, 2016.

ORGANIZATION OF LATIN AMERICA AND CARIBBEAN SUPREME AUDIT INSTITUTIONS. Protected areas Latin America: coordinated audit. Brasília: 2015. Relatório.

PACHECO, A. A.; NEVES, A. C. O.; FERNANDES, G. W. Uneven conservation efforts compromise Brazil to meet the Target 11 of Convention on Biological Diversity. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 16, n. 1, p.43-48, 2018.

PEREIRA DA SILVA, A. Brazilian large-scale marine protected areas: Other “paper parks”? Ocean and Coastal Management, v. 169, p.104-112, 2019.

PRATES, A. P. L.; IRVING, M. D. A. Conservação da Biodiversidade e Políticas Públicas para as áreas protegidas no Brasil: desafios e tendências da origem da CDB às Metas de Aichi. Revista Brasileira de Políticas Públicas, v. 5, n. 1, p.27-57, 2015.

REDE XINGU +. Xingu sob Bolsonaro: Análise do desmatamento na Bacia do Rio Xingu (2018-2020). 2021. Relatório.

RIBEIRO, E. M. et al. Unidades de Conservação costeiras e marinhas no Brasil. In: MUEHE, D.; LINS-DEBARROS, F. M.; PINHEIRO, L. (Org.). Geografia Marinha: oceanos e costas na perspectiva de geógrafos. Rio de Janeiro: PGGM, 2020. cap. 17, p.402-437.

ROMA, J. C.; CORADIN, L. A Governança da Convenção sobre Diversidade Biológica e sua implementação no Brasil. In: MOURA, A. M. M. (Org.). Governança ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: Ipea, 2016. cap. 10, p.253-286.

SALVIO, G. M. M. Áreas Naturais Protegidas e Indicadores Socioeconômicos: o desafio da conservação da natureza. Jundiaí: Paco Editora, 2017.

SAMPAIO, R. F.; MANCINI, M. C. Estudos de Revisão Sistemática: um guia para síntese. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 11, n. 1, p.83-89, 2007. ISSN 1413-3555.

SILVA, F. M. D. O que Sabemos sobre Competências coletivas? In: XXXVI Encontro da ANPAD, 2012.

SPAROVEK, G. et al. Considerações sobre o Código Florestal brasileiro. Kamloops, 2010. Disponível em: < http://ecologia.ib.usp.br/lepac/codigo_florestal/Sparovek_etal_2010.pdf >. Acesso em: 29 ago. 2021.

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Auditoria Operacional em Unidades De Conservação Federais: Índice de Implementação e da Gestão de Áreas Protegidas (Indimapa). Tribunal de Contas da União2021. Relatório.

UICN; WWF-BRASIL; IPÊ. Biodiversidade Brasileira: análise de situação e oportunidades, documento-base. UICN, WWF-BRASIL e IPÊ. Brasília: 2011a. Relatório.

UICN; WWF-BRASIL; IPÊ. Metas de Aichi: Situação atual no Brasil, documento-base. UICN, WWF-BRASIL e IPÊ. . Brasília: 2011b. Relatório.

UNEP-WCMC. Protected Area Profile for Brazil from the World Database of Protected Areas. 2021. Disponível em: < https://www.protectedplanet.net/country/BRA >. Acesso em: 28 ago. 2021.

UNEP-WCMC; IUCN. Protected Planet Report 2020. UNEP-WCMC and IUCN. Cambridge UK; Gland, Switzerland.: 2021. Relatório.

VERÍSSIMO, A. et al. Áreas Protegidas na Amazônia Brasileira: avanços e desafios. Imazon e ISA. Belém, São Paulo: 2011. Relatório.

VIEIRA, R. R. S.; PRESSEY, R. L.; LOYOLA, R. The residual nature of protected areas in Brazil. Biological Conservation, v. 233, p.152-161, 2019.

VILAR, C. C.; JOYEUX, J.-C. Brazil’s marine protected areas fail to meet global conservation goals. Animal Conservation, p.1-8, 2021.

VILAR, C. C. et al. Strengthening the synergies among global biodiversity targets to reconcile conservation and socio-economic demands. Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems, v. 30, n. 3, p.497-513, 2020.

WENCESLAU, F. F.; BARDEN, J. E.; TURATTI, L. O Brasil e as Metas de Aichi: uma análise sobre o cumprimento da Meta 11. Revista Internacional de Direito Ambiental, v. IX, n. Nº25, p.113-132, 2020. ISSN 2238-2569.

WORLD WILDLIFE FUND - BRASIL. Metas. Disponível em: < https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/dialogos_biodiversidade/metas/ >. Acesso em: 28 ago. 2021.

WORLD WILDLIFE FUND - BRASIL. PADDD em Unidades de Conservação na Amazônia: Mapeamento e análise das tendências de redução, recategorização e extinção de unidades de conservação no bioma. São Paulo: 2019. Relatório.

WORLD WILDLIFE FUND - BRASIL. Redução, recategorização e extinção de Unidades de Conservação no Cerrado. 2020a. Relatório.

WORLD WILDLIFE FUND - BRASIL. Unidades de Conservação no Brasil: O que ameaça as áreas protegidas brasileiras? 2020b. Relatório




DOI: https://doi.org/10.5102/rbpp.v13i2.8457

ISSN 2179-8338 (impresso) - ISSN 2236-1677 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia