Suscetibilidade de transtornos alimentares em estudantes universitários
Resumo
Os transtornos alimentares afetam mais de trinta milhões de pessoas e são
caracterizados como comportamentos físicos e alimentares inadequados e persistentes
relacionados às emoções extremas que podem impactar diretamente na saúde física e
psicossocial do indivíduo. Estudantes universitários podem ser particularmente
vulneráveis a transtornos alimentares, dada a diversidade de fatores como o ingresso
em um ambiente acadêmico novo e desafiador, a saída do convívio familiar, a
adaptação à uma rotina de estudos e intensas atividades extracurriculares. Ademais, a
pressão social e as expectativas em relação ao desempenho acadêmico e à imagem
corporal (IC) podem ser fatores de risco para o desenvolvimento desses distúrbios
alimentares, comuns nessa população. Frente ao exposto, o presente estudo teve
como objetivo verificar a suscetibilidade de transtornos alimentares entre estudantes
universitários da área da saúde de uma instituição privada de ensino superior do
Distrito Federal. Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, por meio de um estudo
descritivo, transversal por meio da aplicação de dois questionários: um sócio
demográfico, acadêmico e alimentar e; a versão brasileira do SCOFF-BR (Sick, Control,
One Stone, Fat, Food Questionnaire), validada em dezembro de 2021. Participaram 251
estudantes do curso de Enfermagem, sendo em sua maioria do sexo feminino, entre 21
e 23 anos, autodeclarados brancos e matriculados no período matutino. Observou-se
que 15,5% dos estudantes já possuem o diagnóstico de algum transtorno alimentar,
contudo apenas 43,6% estão em tratamento; 53,4% admitiram piora dos hábitos
alimentares durante a pandemia de Covid-19 e 50,8% afirmaram que houve piora dos
hábitos alimentares ao ingressarem na universidade; alegaram que os alimentos mais
consumidos durante o processo formativo foram alimentos industrializados (55%) e
chocolates (43,4%). Em relação ao SCOFF-BR, 10% dos estudantes afirmaram ter a
prática de atos purgativos, 60,2% tem perdido o controle em relação à comida; 25,5%
relataram perda de peso; 39,4% acreditam estar acima do peso e; 25,9% revelaram que
a comida tem tido domínio sobre suas vidas. Além disso, o SCOFF-BR apontou que mais
da metade (50,2%) dos estudantes pesquisados tem a suscetibilidade de apresentar
transtornos alimentares. Frente ao exposto, notou-se que a suscetibilidade de
transtornos alimentares não é apenas uma questão de saúde individual, mas também
uma preocupação que deve ser vista pelas instituições de ensino superior. O ingresso
na vida universitária gera estresse, ansiedade e dificuldades de adaptação a um novo
ambiente. Isso traz consequências preocupantes como baixa autoestima, depressão e
transtornos alimentares, como visto nesta pesquisa. Portanto, as instituições de ensino
superior precisam estar preparadas para acolher esses estudantes que sofrem de
transtornos alimentares. Sugere-se a criação de espaços de discussão e enfrentamento
a esse problema, como apoio emocional, nutricional e psicológico em universidades
que possuem cursos superiores de Enfermagem, Nutrição e Psicologia.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10013
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