Análise do pré-natal de gestantes e puérperas em uso de drogas lícitas e ilícitas
Resumo
O consumo abusivo de álcool e outras drogas entre mulheres, especialmente
durante a gestação, tem se tornado um problema global crescente. Esse uso pode
causar danos irreversíveis ao binômio mãe-feto, incluindo abortos e outras
complicações graves. Este estudo visou analisar o pré-natal de gestantes, puérperas e
mulheres em situação de aborto que utilizam álcool e outras drogas no Hospital
Regional de Ceilândia (HRC). Os objetivos específicos foram rastrear o consumo de
substâncias, observar os danos à saúde relacionados ao uso dessas substâncias e
investigar as consequências fetais. A pesquisa, de caráter descritivo e quantitativo, foi
conduzida no HRC, envolvendo gestantes, puérperas e mulheres em situação de aborto
atendidas no centro obstétrico, maternidade e pronto-socorro de ginecologia e
obstetrícia. Participaram do estudo mulheres com idades entre 12 e 40 anos que
usavam álcool e outras drogas durante a gestação. A coleta de dados incluiu análise
retrospectiva dos prontuários para verificar o número de consultas pré-natais, idade,
uso de medicações e se a gravidez foi planejada. Além disso, aplicou-se o questionário
ASSIST para rastrear o consumo de substâncias. Das 30 pacientes abordadas, 12 se
recusaram a participar, resultando em uma amostra final de 18 participantes. A média
de idade das participantes foi de 28,4 anos, consistente com dados da literatura. A
maioria das pacientes (55,55%) não fez o número mínimo recomendado de consultas
pré-natais. Antibióticos foram a classe de medicamentos mais utilizada (22,22%). A
idade gestacional predominante foi de 39 a menos de 41 semanas, diferente da
literatura que mostra maior taxa de partos pré-termo. Não foram encontrados dados
sobre o planejamento da gestação, o que pode impactar o início do pré-natal e o uso
dos serviços de saúde. O questionário ASSIST revelou que a bebida alcoólica foi a
substância mais consumida ao longo da vida das participantes, enquanto durante a
gestação, o tabaco foi o mais utilizado. Isso está alinhado com estudos anteriores que
mostram a aceitação social do tabaco durante a gravidez. A maioria das participantes
tentou reduzir o consumo, sugerindo que a descoberta da gestação pode motivar a
diminuição do uso de substâncias. A droga ilícita mais comum foi a maconha,
confirmando dados da literatura, e nenhuma participante usou drogas injetáveis. O
estudo indicou que algumas participantes necessitam de intervenções, com o CAPS-AD
sendo recomendado para casos graves. É crucial garantir acesso a essa rede de
atendimento. O presente estudo destacou a falta de assistência pré-natal apropriada
para muitas mulheres, e, apesar do consumo de drogas, a maioria apresentou partos a
termo. No entanto, devido à abrangência dos dados disponíveis, ao tempo limitado e à
amostra pequena, não foi possível abranger as consequências materno-fetais
decorrentes do uso. Além disso, a ausência de estudos brasileiros que utilizam o ASSIST
em gestantes limita a compreensão e o desenvolvimento de uma intervenção
apropriada. Dessa forma, a continuidade desta pesquisa é essencial para melhorar a
assistência pré-natal e orientar as intervenções para minimizar os riscos associados ao
uso de substâncias na gravidez.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10031
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