Febre reumática aguda e sua dificuldade diagnóstica: um problema de saúde pública
Resumo
A Febre Reumática Aguda (FRA) é uma doença inflamatória sistêmica desencadeada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Seu diagnóstico tardio é extremamente prejudicial à saúde pública, sendo uma importante causa de cardiopatias tardias e de complicações neurológicas e articulares. Ainda, considerando que esta doença afeta especialmente crianças, compreende-se que os pediatras são os principais profissionais responsáveis pelo seu diagnóstico, sendo essencial a atualização sobre os critérios diagnósticos dessa doença por esses médicos, a fim de reduzir a morbimortalidade desta enfermidade. Foi realizado, então, nesta pesquisa, um estudo transversal ecológico que avaliou o conhecimento dos pediatras no Distrito Federal (DF) sobre os Critérios Diagnósticos de 2015 para a FRA. Os dados foram coletados entre os meses de outubro a dezembro de 2023, através de formulário eletrônico enviado aos membros da Sociedade de Pediatria do DF (SPDF). As informações obtidas incluíram dados demográficos, conhecimento dos critérios diagnósticos e acesso a exames complementares. Diante das informações obtidas, com um total de 68 respostas, evidenciou-se que 29,4% possuíam mais de 20 anos de experiência como pediatras, nenhum dos respondentes relatou ter especialização em Reumatologia, e 61,8% afirmaram conhecer os Critérios Diagnósticos de 2015 para a FRA. Apesar de quase 62% dos pediatras afirmarem conhecer os Critérios Atualizados, persistem dúvidas quanto aos critérios articulares, bem como quanto à divisão da população em grupos e, consequentemente, que o Brasil está no grupo de maior risco. Os dados supracitados reforçam a existência de dúvidas remanescentes sobre os critérios atualizados e a classificação dos pacientes em grupos de risco. Além disso, o acesso a exames complementares também representa um obstáculo para o diagnóstico da FRA, em especial quanto à cultura de orofaringe, Teste Rápido para estreptococo e Anti-DNAse B, com a respectiva negativa de acesso pelos participantes 54,4%, 61,8% e 57,4%. Esses achados destacam a necessidade urgente de estabelecimento de políticas públicas contra a FRA e de abordagens mais sensíveis na educação médica sobre a doença para reduzir o diagnóstico tardio da FRA e, assim, suas complicações, as quais, além de impactam na qualidade de vida dos pacientes, geram um grande custo para a saúde pública do país.
Palavras-chave
febre reumática aguda; critérios diagnósticos atualizados.
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10039
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