Preservação da fertilidade de mulheres com câncer de mama: revisão sistemática da literatura

Luana Rafael de Albuquerque Oliveira, Isabela Lacerda Pedersoli, Bruno Ramalho de Carvalho

Resumo


O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum em mulheres e a principal causa de morte em mulheres jovens. Com o aprimoramento da terapia anticancerígena, e, assim, o aumento da sobrevida dessas mulheres em idade reprodutiva, tornou-se crucial a abordagem da preservação da fertilidade para aquelas que desejam a maternidade, uma vez que os tratamentos anticâncer são potencialmente gonadotóxicos, podendo causar infertilidade em mais de 80% dos casos. As estratégias para preservação da fertilidade em mulheres adultas incluem criopreservação de embriões, oócitos e tecido ovariano, a transposição cirúrgica dos ovários e a supressão ovariana. A criopreservação de oócitos é atualmente a estratégia de escolha. No entanto, é uma técnica inserida na prática clínica há pouco mais de 10 anos e, portanto, com número de evidências ainda escasso na literatura. Nosso estudo objetiva investigar os desfechos reprodutivos da criopreservação de oócitos em mulheres com câncer de mama. Trata-se de uma revisão sistemática da literatura seguindo as diretrizes Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA), incluindo ensaios clínicos e ensaios clínicos randomizados controlados, cujos níveis de evidência foram definidos de acordo com os critérios do Centro de Oxford para Medicina Baseada em Evidências em 2009. Dos 64 estudos identificados inicialmente, preencheram os critérios de inclusão 7; destes, foram avaliadas 245 referências, tendo-se incluído mais 11, totalizando 18 estudos para a revisão. Conclui-se que não há evidências que confirmem semelhança ou diferença na quantidade total de oócitos recuperados de mulheres com câncer de mama ou hígidas submetidas à estimulação ovariana controlada para preservação da fertilidade. Da mesma forma, a literatura acusa semelhança estatística entre os números de oócitos maduros recuperados e, dessa forma, aptos à fertilização in vitro no futuro. Para obtenção dos oócitos, a escolha do protocolo de estimulação não parece interferir nos resultados. É possível, entretanto, que a estimulação iniciada na fase folicular precoce resulte em mais oócitos recuperados quando comparada à iniciada na fase lútea. Não se observam diferenças nas taxas de fertilização entre os grupos, embora os dados de gravidez, gravidez clínica, gravidez em curso e nascidos vivos sejam escassos para mulheres que criopreservaram oócitos na vigência do câncer de mama; das evidências disponíveis, a taxa de gravidez parece não diferir entre as mulheres em remissão da doença, quando comparadas às hígidas.

Palavras-chave


preservação da fertilidade; câncer de mama; oncofertilidade.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10041

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