Análise da morbimortalidade na reconstrução do trânsito intestinal de pacientes ostomizados em um hospital terciário do Distrito Federal

Rafaella de Andrade Ferraz Ribeiro, Rebecca Reis De Sousa, Guilherme Pinto Bravo Neto

Resumo


Estomas intestinais são anastomoses entre o tubo digestivo e a pele com a
finalidade de desviar o conteúdo entérico para o meio externo, de forma temporária ou
permanente. Estomas intestinais temporários são procedimentos comuns, realizados
tanto na urgência abdominal, quando as condições locais e gerais do paciente
impedem uma anastomose colônica primária, quanto em cirurgias eletivas, em geral
para proteção de anastomoses de alto risco de deiscência envolvendo o intestino
grosso. A reconstrução do trânsito intestinal destes pacientes requer nova intervenção
cirúrgica, com riscos de complicações e óbitos. O objetivo deste trabalho é analisar a
morbimortalidade na reconstrução do trânsito intestinal de pacientes ostomizados em
um hospital terciário do Distrito Federal. Secundariamente, a pesquisa procura avaliar
as condições que determinaram a realização dos estomas intestinais, o tempo
transcorrido entre o diagnóstico e a confecção da ostomia e o tempo entre a realização
da ostomia e seu fechamento, assim como de aspectos epidemiológicos e
demográficos relacionados. Foi realizada uma análise retrospectiva, observacional e
longitudinal dos prontuários de pacientes submetidos à reconstrução de trânsito
intestinal na unidade de proctologia do Hospital de Base do Distrito Federal (IGES-DF)
em um período de 10 anos (2013-2023). As informações colhidas foram registradas em
um protocolo pré-estabelecido. No período analisado, 120 pacientes foram elegíveis
para o estudo, dos quais 75 (62,5%) eram homens e 45 (37,5%) mulheres. Cinquenta e
cinco (45,8%) eram portadores de comorbidades, dentre as quais as mais prevalentes
foram hipertensão arterial sistêmica, diabetes tipo II, doenças autoimunes e
cardiopatias. A média de idade entre os homens foi de 55,6 anos e entre as mulheres
de 61,8 anos. Os principais estomas realizados foram as colostomias terminais (50
casos, 41,7%) e as ileostomias em alça (31 casos, 25,8%). As condições determinantes
para realização dos estomas foram as cirurgias eletivas para tratamento de neoplasias
colônicas (33,3%), especialmente as de reto, seguidas de traumatismo penetrante do
abdome em caráter de urgência. Dos 59 pacientes operados em caráter de urgência,
em 39 o tempo transcorrido entre a admissão hospitalar e o procedimento cirúrgico
pôde ser computado, tendo sido maior que 24 horas em 42,4%, o que pode ter gerado
maior necessidade de desvios de trânsito intestinal ao invés de procedimentos mais
conservadores. Dos 120 pacientes ostomizados, 97 (80,8%) foram submetidos à
reconstrução do trânsito intestinal. O índice de morbidez pós-operatória foi de 34% e a
mortalidade de 9,8%. As principais complicações pós-operatórias foram as infecções do
sítio cirúrgico, em geral associadas à deiscências de anastomoses (10,3%). O índice
geral de complicações pós-operatórias, determinadas tanto na cirurgia de confecção
das ostomias, quanto nas reconstruções do trânsito intestinal foi elevado, porém
comparável com aqueles da literatura, especialmente nacional, que chega a 58%, e
enfatiza a importância de indicações precisas para realização dessas ostomias. O tempo
médio transcorrido entre a realização da ostomia e a reconstrução do trânsito intestinal
foi maior que 12 meses em 68% dos pacientes, com impacto direto na qualidade de
vida destes pacientes.


Palavras-chave


reconstrução de trânsito intestinal; estomas intestinais; complicações

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10044

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