ESTUDO DE COORTE HISTÓRICA DE PACIENTES COM BIÓPSIAS DE COLO UTERINO ALTERADAS E PROGNÓSTICO EM 5 ANOS NO DISTRITO FEDERAL

Aline Lamounier Gonçalves, Gabriel Xavier Ramalho, Flávia Alves Neves Mascarenhas

Resumo


O câncer de colo uterino é o terceiro mais comum no mundo entre as mulheres,
excluindo-se o câncer de pele não melanoma, tendo-se estimado, para cada ano do
biênio 2018-2019, 16.370 novos casos no Brasil, com um risco de 15,43 casos a cada
100 mil mulheres. A relevância desse tema para a saúde pública é alta por se tratar
de doença de grande impacto psicossocial devido às elevadas taxas de
morbimortalidade e ao método de rastreio comprovadamente eficaz, seguro e barato.
O objetivo geral do trabalho foi estudar o seguimento de pacientes com resultados
alterados em biópsias de colo uterino da Secretaria de Saúde, visando analisar a
condição do rastreamento, a assistência e o acompanhamento desse grupo. Trata-se
de estudo de coorte histórica, descritiva, utilizando dados secundários obtidos em 331
prontuários eletrônicos de mulheres do Hospital Materno Infantil de Brasília, que
tiveram biópsias alteradas, realizadas nesse serviço entre 1º de janeiro de 2012 e 30
de junho de 2013. A idade média das pacientes foi de 39,2 anos, o número médio de
parceiros ao longo da vida foi de 4,7 e o uso de preservativo foi de apenas 18,46%.
Os laudos citológicos que subsidiaram a indicação da biópsia, em ordenamento
decrescente foram: LIEAG (55,36%) ; LIEBG (11,42%); ASC-H (11,76%); ASC-US
(6,92%); AGC (3,81%); carcinoma epidermóide (3,81%); AGC-H (1,73%); caráter
benigno (1,38%) ,adenocarcinoma in situ (1,38%); padrão inflamatório (1,38%);
adenocarcinoma invasor (0,54%); AGC-US (0,35%). Observou-se certa discordância
entre os laudos histo e citopatológicos, citando-se como exemplo que 51,16% das
mulheres com laudo de biopsia normal tiveram LIEAG à citologia e 30,76% das
pacientes com LIEBG apresentaram NICIII à histopatologia. O tempo médio entre o
diagnóstico e o início do tratamento foi de aproximadamente 9 meses e 15 dias, sendo
o de maior demora o destinado ao carcinoma epidermóide, de 13 meses e 18 dias. O
seguimento completo das pacientes, com a alta do centro de referência e retorno à
unidade básica de saúde, foi realizado em apenas 22,87% dos casos. Em 28,66% das
vezes, o seguimento sequer foi iniciado e em 48,48% ele foi interrompido
precocemente. Nesse contexto, o percentual médio de cura, ou seja, os casos em que
foi possível assegurar que até o final do acompanhamento de 5 anos não
apresentaram recidiva da entidade, foi de apenas 19,6%, sendo de 0% nas pacientes
com adenocarcinoma. Quanto à morbimortalidade, a porcentagem total de óbitos
correspondeu a 3,3% das pacientes e 2,25% evoluíram com metástases. O tempo
médio entre o diagnóstico e o óbito dessas pacientes foi de 2,2 anos. Discute-se o uso
ínfimo de preservativo, demonstrando a magnitude desse importante fator de risco.
Comenta-se ainda as preocupantes taxas de falta de seguimento dessas pacientes,
documentada ao transcorrer desses 5 anos, refletidas na dificuldade do controle e
tratamento da doença. Esse problema evidencia dificuldades institucionais relevantes,
a serem citadas: a importante discrepância cito/histopatológica e a inexistência de sistema organizado que unifique o rastreio e a assistência a essas mulheres


Palavras-chave


Câncer de colo de útero. Seguimento. Biopsia. Citologia

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5844

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