ESTUDO FARMACOECONÔMICO NO TRATAMENTO DE DOENÇA DE CROHN MODERADA A SEVERA

Lucas Carneiro Nascimento Pereira, Jonas de Souza Finco, João Batista Monteiro Tajra

Resumo


As Doenças Inflamatórios Intestinais são doenças crônicas caracterizadas por distúrbios gastrointestinais e extra-intestinais, sendo Doença de Crohn (DC) e Retocolite Ulcerativa (RCUI) as principais. A maior incidência, encontra-se entre vinte e quarenta anos de vida, impactando na capacidade laboral e qualidade de vida, refletindo prejuízos psicossociais e socioeconômicos para o paciente e para sistema de saúde. Avanços referentes a etiopatogenia dessas afecções permitiram melhora em seu tratamento, especialmente na DC. As terapias biológicas com agentes anti-TNFα isolados ou combinados são consideradas atualmente as mais efetivas formas de tratamento na indução e manutenção da remissão clínica em pacientes com DC moderada a severa, além de diminuir o risco de hospitalização e cirurgia. Portanto, o intuito do estudo foi analisar o custo direto e a efetividade do tratamento de pacientes com DC moderada a severa que utilizam a terapia imunossupressora, assim como definir seu perfil epidemiológico. Trata-se de um estudo observacional de coorte aberta, prospectivo com mínimo de duas consultas por paciente incluído no trabalho, durante período de seguimento de um ano após entrada, por inscrição online e voluntária ou marcação direta no ambulatório de coloproctologia do Hospital de Base do Distrito Federal. O diagnóstico de DC se realizou através de critérios clínicos, endoscópicos, radiográficos e histológicos e cada paciente foi classificado quanto o CDAI (Índice de Atividade da Doença de Crohn), sendo destinada a terapia biológica (Infliximabe ou Adalimumabe) àqueles com doença moderada a grave. Analisou-se o custo das drogas biológicas isoladas, não sendo somados os custos indiretos. Os preços de mercado foram obtidos através dos registros de compra de medicamentos pelo Banco de preços em Saúde pelo Ministério da Saúde e o desfecho clínico favorável como foi definido CDAI < 220 ao final do período de observação, não representando doença ativa. Acompanhou-se 22 pacientes, 15 fizeram uso de terapia biológica (isolada ou combinada). Dessa forma o tratamento de manutenção do Adalimumabe (posologia de 40 mg a cada duas semanas) representou custo médio anual por paciente de R$ 61.032,00, já o Infliximabe (posologia peso-dependente de 5mg/kg a cada 8 semanas), considerando 65kg o peso médio dos indivíduos com DC na
Coorte, R$ 31.663,77. Tal grupo da coorte apresentou média de 6,9 anos de doença, portanto, representando gasto considerável ao serviço de saúde pública nesse período de história natural da doença. O tempo médio de remissão clínica foi 6,75 meses para o infliximabe e 5,85 meses para o Adalimumabe. O perfil epidemiológico mostrou idade média de 36,1 anos, predomínio de mulheres (73%), IMC médio de 24,4 Kg/m2, maioria étnica de pardos (50%) e fenótipo de DC predominante íleo-colônico (diferindo da literatura). Cerca de 20,83% necessitaram de cirurgia (40% utilizaram terapia biológica após cirurgia como tratamento de manutenção). Neste estudo, o Infliximabe apresentou taxa 1,153 vezes maior e custo direto baseado no preço de mercado aproximadamente 3 vezes inferior ao Adalimumabe. À medida que novas drogas biológicas concorrentes continuam a chegar no mercado faz-se necessário o desenvolvimento de estudos centrados em análises farmacoeconômicas


Palavras-chave


Doença de Crohn. Anti TNF’s. Biológicos. Doenças Inflamatórias Intestinais.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n3.2017.5845

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