Reflexões sobre o que é o “ser preto”: os desafios e dilemas do reconhecimento de uma identificação racial num país miscigenado

Amanda de Lelis Fernandes Dourado, Letícia Isabela Lindolfo Araújo, Valéria Deusdará Mori

Resumo


O objetivo deste estudo é compreender a influência da miscigenação racial nos processos subjetivos sociais e individuais e sua expressão no contexto familiar. A ação colonizadora resultou em um cenário de intensa miscigenação, devido a isso os brasileiros possuem em sua árvore genealógica diversos grupos étnicos. Em meio a esses grupos predomina a descendência preta, fazendo com que o Brasil seja considerado uns dos maiores países com influência cultural africana. No entanto, o reconhecimento de uma identificação racial em um país miscigenado envolve uma série de questionamentos, pensando nisso essa pesquisa propõe-se debater sobre as questões que rodeiam a declaração racial levando em consideração a categoria subjetividade, que se configura na articulação inseparável do simbólico com o emocional, e enfatizando os processos subjetivos sociais e individuais relacionados a essa experiência. De forma mais específica, foram realizadas dinâmicas conversacionais com 3 participantes de forma individual. As informações e experiências compartilhadas nessas dinâmicas foram organizadas em dois tópicos: (1) A compreensão do colorismo; (2) Cabelos crespos e corporeidade: identidade e aceitação. Os resultados indicaram que o processo de identificação racial e autodeclaratório ocorre em meio a uma série de questionamentos não apenas por parte do próprio indivíduo que vivencia, mas também das outras pessoas ao seu redor. Além disso, a partir das dinâmicas realizadas foi possível perceber a influência e o papel do contexto familiar no percurso de significação do que é ser preto no contexto brasileiro. Outro episódio muito significante foi a consciência dos participantes quanto a pigmentocracia e as diferentes formas de expressão do racismo. A fuga da negritude foi, por muito tempo, incentivada por grande parte da sociedade. Nesse sentido, percebemos que ser negro, ainda que de pele clara, traz conflitos e vivências enraizadas socialmente que desencadeiam na realidade desses indivíduos uma espécie de não pertencimento e inadequação racial.

Palavras-chave


Autodeclaração, Colorismo, Teoria da Subjetividade, Miscigenação.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2019.7515

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