Análise da efetividade de ações da estratégia de saúde da família do Distrito Federal na detecção precoce e na redução do número de casos com GIF2 de Hanseníase

Maria Carolina de Araújo Seixas, Rafaella Albuquerque e Silva

Resumo


A hanseníase é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae, de curso crônico, que pode
determinar o surgimento de deformidades e incapacidades físicas importantes. Atualmente o
Brasil é o segundo país no mundo com maior número de casos. Trata-se, portanto, de uma
doença de notificação compulsória e um grave problema de saúde pública. Dentre as
principais formas de prevenção da doença e dos impactos associados a ela, destacam-se o
diagnóstico e o tratamento precoces que, por sua vez, relacionam-se essencialmente com a
busca ativa e oportuna de casos. O presente estudo teve como objetivo avaliar a efetividade
de ações da Estratégia de Saúde da Família na detecção precoce e na redução do número de
casos com grau 2 de incapacidade física (GIF2) de Hanseníase no Distrito Federal (DF). Foi
realizado, portanto, um estudo descritivo e ecológico, a partir de dados secundários
disponíveis sobretudo no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do
Ministério da Saúde. Os indicadores avaliados compreendem informações sociodemográficas
(sexo, idade, escolaridade eraça/cor) e epidemiológicas (forma clinica, classificação
operacional, modo de detecção, baciloscopia e grau de incapacidade física no dagnóstico) dos
casos novos de hanseníase notificados nos anos de 2014 a 2019 no DF. Ademais, foi analisado
o número de equipes e a cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no DF. Observouse
então que, no período estudado, foram notificados 1145 casos novos de hanseíase no DF,
dentre os quais houve a prevalência do sexo masculino, da faixa etária de 30-39 anos e da
raça/cor parda. Em relação à escolaridade, foi verificado baixo nível de instrução na maioria
dos casos. Quanto aos dados epidemiológicos, nota-se o predomínio de casos com a forma
clínica dimorfa, multibacilares e com baciloscopia negativa. Entre o total de casos novos
notificados, foi observado grau de incapacidade física no diagnóstico em 36,16% e o principal
modo de detecção foi o encaminhamento. Destaca-se ainda que, entre os anos de 2018 a
2019, houve aumento na detecção de casos novos de hanseníase por 100.000 habitantes e na
proporção de casos com GIF2 no diagnóstico. No que se refere à cobertura e ao número de
equipes da ESF, constatou-se a redução desse serviço de 2018 para 2019. Salienta-se ainda
que a ESF foi regulamentada em 2017 no DF, tornando possível a consolidação e a avaliação
de dados de cobertura apenas a partir de 2018. Desse modo, devido ao pouco tempo de
ocorrência da ESF, não foi possível estabelecer uma relação significativa entre a efetividade
da ESF e a proporção de casos de hanseníase com GIF2 no diagnóstico. Ainda assim, a análise
de dados epidemiológicos sugere queda na qualidade dos serviços prestados às pessoas
acometidas e detecção tardia de casos da doença no DF.


Palavras-chave


Hanseníase; Epidemiologia; Mycobacterium leprae; Estratégia de Saúde da Família.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8236

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