Análise eletromiográfica da ativação muscular do core e estabilométrica em crianças com paralisia cerebral após um protocolo intensivo de exercícios terapêuticos

Alicya Victória González Costa, Beatriz França Naves Perissé, Ana Letícia de Souza Oliveira

Resumo


A Paralisia Cerebral é uma condição de saúde comum da infância, em que trata-se de lesões
neurológicas que acarretam atrasos no desenvolvimento neurosensoriomotor, cognitivo e,
muitas vezes, provoca déficits no desempenho funcional e equilíbrio postural. Um novo
recurso de tratamento para essas crianças são os protocolos intensivos com o uso ou não de
vestimentas terapêuticas. Nestes protocolos, as vestimentas funcionam como uma órtese
corporal que permite a execução de movimentos e exercícios para os mais diversos objetivos,
em conjunto com a aplicação de treinos intensos e específicos. O objetivo do presente
estudo foi analisar a diferença de ativação muscular, função motora grossa e oscilação do
centro de gravidade de crianças com Paralisia Cerebral após um protocolo intensivo de
exercícios terapêuticos. Trata-se de um estudo de 8 casos, sendo que os critérios de inclusão
foram ter idade entre 2 e 13 anos, diagnóstico de Paralisia Cerebral e classificação Gross
Motor Function Classification System entre os níveis I e IV. A Gross Motor Function Measure
foi realizada por um profissional capacitado antes do primeiro e após o último protocolo. A
Eletromiografia de Superfície foi utilizada para analisar a ativação muscular dos músculos
Reto Abdominal, Oblíquos e Multífidos dos dois hemicorpos enquanto a criança permanecia
sentada mantendo a postura durante 30 segundos pré e pós protocolo. Além disso, a
Plataforma Estabilométrica foi utilizada para avaliar a oscilação postural com a criança
sentada mantendo a posição por 30 segundos com os olhos abertos e 30 segundos com os
olhos fechados, também antes do início do intensivo e após o último. No geral, as crianças
apresentaram aumento em média na função motora grossa de 3,73% entre antes e após o
treinamento; 25% dos pacientes apresentaram aumento de todas ou da maioria das
musculaturas; 50% obtiverem uma maior aproximação das médias de Root Mean Square
associados a uma redução de ativação em alguns dos 6 músculos avaliados. Em relação ao
centro de gravidade, 37,5% dos pacientes reduziram a distância de oscilação com olhos
abertos e 62,5% reduziram com os olhos fechados; 25% apresentaram aumento da distância
com olhos abertos e com olhos fechados 37,5% e outros 25% não apresentaram resultados
relevantes nas distâncias com olhos abertos. Quanto às oscilações látero laterais e ântero
posteriores, 25% reduziram e 12,5% aumentaram as oscilações látero laterais com os olhos
abertos, 12,5% aumentaram e 37,5% reduziram oscilações ântero posteriores. Já com olhos
fechados, 37,5% reduziram oscilações látero laterais e 25% reduziram oscilações ântero
posteriores. Novas pesquisas de caráter longitudinal, com número e características entre os
participantes mais homogêneas, além da utilização de outras ferramentas podem colaborar
para aprofundar as análises obtidas. Conclui-se com o presente estudo que a realização de
um protocolo intensivo de exercícios terapêuticos associados ou não ao uso de vestimentas
terapêuticas favorece a melhora da função motora grossa, parece ser promissor na ativação
mais equilibrada entre as musculaturas do core avaliadas e na diminuição da oscilação do
tronco quando de olhos fechados.


Palavras-chave


paralisia cerebral, protocolo intensivo, vestimentas terapêuticas, plataforma estabilométrica, eletromiografia de superfície.

Texto completo:

PDF


DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8244

Apontamentos

  • Não há apontamentos.

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia