O alarmante aumento da resistência bacteriana a antimicrobianos. seria o uso inapropriado destes um fator de influência no desenvolvimento de resistência?
Resumo
Antimicrobianos são medicações que matam ou desaceleram o crescimento de
microoganismos patogênicos. O primeiro medicamento dessa classe foi descoberto por
Bartolomeo Gosio ao isolar ácido micênico da Penicillium glacum. Pouco tempo depois,
Alexander Fleming descobriu a penicilina e fez uma previsão sobre o abuso de tais remédios
devido ao conhecimento dos efeitos “milagrosos” de tais drogas. O uso inadequado de
agentes antibióticos influencia a resistência bacteriana aos antimicrobianos. Ademais,
existem outros fatores de risco em relação ao desenvolvimento de tal resistência, como a
higiene precária, o aumento de migrações entre países e também a diminuição expressiva da
descoberta de novas classes de antimicrobianos no contexto atual. Atualmente, se observa
cerca de 700 mil óbitos por ano mundialmente relacionados a patologias por agentes
resistentes. Estima-se que esse valor pode alcançar até 10 milhões de pessoas por ano. Além
disso, segundo a organização World Bank, a resistência a antimicrobianos pode, também,
trazer prejuízos econômicos extremos, o que poderia contribuir para a condução de cerca de
28 milhões de pessoas para a linha de extrema pobreza. Assim, observa-se a grande
relevância de estudos que abordem tal temática, considerando também a escassez de
pesquisas que informem as práticas e atitudes da população do Distrito Federal que possam
favorecer o aumento da resistência bacteriana na comunidade e em ambientes hospitalares.
Nesse contexto, foi conduzido um questionário criado pelas autoras com o objetivo de
avaliar a realidade do Distrito Federal frente à resistência a antimicrobianos. Observou-se
que na população mais idosa, acima de 70 anos, cerca de metade dos entrevistados
apresentaram um comportamento inadequado em relação ao uso dessas medicações. Foi
observado, também, que 15% dos interrogados afirmaram já terem tido alguma infecção por
organismo multirresistente. 38,5% afirmaram, ainda, que já tiveram uma patologia que não
teve melhora mesmo após uso correto dos medicamentos indicados, sendo preciso a
alteração de medicação pelo profissional da saúde que o dava assistência. Outrossim, é
possível relacionar a pandemia do Covid 19 com o aumento de infecções resistentes. Entre
aqueles que responderam ao questionário, 9,1% afirmaram ter feito o uso de medicações
antibióticas para tratar ou prevenir a Covid19. Conforme já mencionado, o uso inadequado
dessa classe de medicamentos aumenta o risco do desenvolvimento de organismos
multirresistentes. A partir dos resultados obtidos, é possível afirmar que ,entre a população
entrevistada, há baixa prevalência de comportamentos considerados como de risco para o
desenvolvimento de resistência antimicrobiana. Isso se deve, principalmente, à aplicação do
questionário ter sido limitada à população do DF e, sobretudo, àqueles que vivem na região
central da cidade, devido à localização e ao público presente na universidade a qual as
pesquisadoras frequentam. O Distrito Federal apresenta, hoje, um índice de
desenvolvimento humano de cerca de 0,824, considerado muito alto para o Brasil. Assim, é
possível inferir que, apenas entre a população mais idosa e provavelmente oriunda de outras
regiões, se observa maior adoção de comportamentos de risco, que podem resultar em
aumento de hospitalizações e, consequentemente, maior custo para o Estado.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8310
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