As cidades esquecidas de Brasília, um descaso da memória urbana: estudo de caso sobre a valorização da memória em São Sebastião/DF

Clara Gontijo Salomão Vicente, Paulo Víctor Borges Ribeiro

Resumo


Brasília foi a primeira capital moderna projetada para representar o futuro e unir todas
as regiões do Brasil, e apesar de trazer desenvolvimento para o interior do país, a
cidade se tornou segregada devido a uma série de políticas públicas tomadas na época.
Sendo assim, o idealismo de ser uma cidade que conecta pessoas de diferentes classes,
e que visava descentralizar a administração e coordenar serviços públicos, acabou
gerando problemas de mobilidade urbana e saneamento. Além do mais, com esse
crescimento desordenado e a má gestão governamental da época, essas ações
trouxeram muitas outras consequências, como o descaso com culturas existentes,
resultando em uma violência cultural e socioespacial enraizada em políticas de
apagamento cultural. Desse modo, o artigo propôs uma visão abrangente da
constituição de Brasília, detalhando as etapas para seu concurso, os ideais que buscava
alcançar e consigo a realidade da cidade. Analisamos as políticas e pensamentos que
pairam naquela época, e que levaram ao descaso cultural e às consequências desse
fenômeno. Assim como também discutindo a importância da valorização da história e
da memória cultural para o desenvolvimento socioeconômico da cidade. Apesar de
termos levantado outras cidades que sofreram com as políticas de apagamento
cultural, o artigo irá focar em um estudo de caso específico em São Sebastião, uma
cidade que surgiu como um núcleo essencial para a produção de tijolos durante a
construção de Brasília. Sendo assim, para exemplificar, e também com o objetivo de
valorizar a memória de um deste lugar, o artigo explorou a memória oleira de São
Sebastião, mostrando como essa atividade central influenciou a formação da cidade e
o cotidiano dos moradores. A história da concepção de São Sebastião foi marcada pela
transição das fazendas desapropriadas para um espaço urbano emergente,
impulsionado pelo trabalho manual e determinação dos pioneiros. Sendo a partir de
entrevistas com antigos oleiros acabamos evidenciando a história de uma época de
trabalho árduo e resiliência, documentando as condições desafiadoras de vida e
celebrando a comunidade e redes de apoio que surgiram entre os trabalhadores e suas
famílias. São Sebastião, com sua rica tradição oleira e comunidade resiliente, serviu
como um exemplo da potência que a memória pode fazer: unir pessoas em nome de
um bem maior. O artigo serve não apenas como homenagem aos esforços dos oleiros,
mas também refletiu sobre a importância de preservar e celebrar as memórias
coletivas que constituem a identidade cultural de uma cidade.


Palavras-chave


memória; patrimônio histórico e cultural; oleiros.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.9948

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