Aspectos emocionais de crianças com Diabetes Mellitus tipo 1: impactos no tratamento a partir da perspectiva dos cuidadores

Resumo

O objetivo desta pesquisa consiste em analisar as questões emocionais de crianças com
diabetes mellitus do tipo 1 a partir da perspectiva dos cuidadores. Trata-se de uma
pesquisa de metodologia qualitativa. A partir de entrevistas semiestruturadas e um
grupo focal, as informações qualitativas geradas foram analisadas sob o embasamento
metodológico da Hermenêutica da Profundidade. Entre os aspectos ressaltados nos
resultados destacam-se uma certa dificuldade dos pais para equilibrar a carga
emocional e a promoção da autonomia no tratamento do DM1 para as crianças.
Porém, crianças que compreendem melhor sua condição, parecem ter maior
participação no tratamento. Assim, compreende-se que a falta de entendimento sobre
a doença parece reduzir a autonomia das crianças, além de gerar tendências nocivas,
como a procura, por exemplo, pela hipoglicemia para a ingesta de doces. Questões
alimentares, sociais e sobre o tratamento parecem ser as principais dificuldades
enfrentadas por crianças diabéticas; o isolamento social foi um desafio descrito em
relação a familiares e colegas. A relação entre a glicemia e aspectos emocionais foi
vista como complexa e multifatorial, com destaque para as singularidades de cada
caso. Nesse contexto, algumas mães referiram observar uma ligação entre emoções
como raiva, ansiedade, tristeza ou euforia à uma glicemia elevada, enquanto outras
salientaram a complexidade para interpretar os sentimentos das crianças. Por fim,
destaca-se a importância de se aprofundar no impacto emocional do DM1 na infância e
de considerar esse impacto no tratamento das crianças com DM1, bem como o
impacto emocional dos cuidadores. É necessário reconhecer a complexidade do tema e
a necessidade de mais estudos que possibilitem inclusive o desenvolvimento de
intervenções mais eficazes voltadas para a promoção do bem estar biopsicossocial
dessa população.