Aspectos cognitivos e afetivos do veganismo: evidências psicológicas para a prática da comunicação pró-ambiental

Diego Rodrigues da Silva Moreira, Amanda Vaz Dutra Cavalcanti, Ligia Abreu Gomes Cruz, Leonardo Cavalcante de Araujo Mello

Resumo


O presente trabalho tem por objetivo identificar qual é o viés cognitivo e afetivo na ideologia compartilhada pelo grupo social que defende o estilo de vida vegano no Brasil. O intuito é que essa informação possa ser utilizada para guiar práticas em psicologia, as quais tenham como objetivo promover o veganismo, como estratégia para cumprir o papel do país na agenda ambiental contida nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU. Qualquer estilo de vida, guiado por um sistema de crenças, tem o caráter necessário para se tornar objeto de estudo da psicologia. O veganismo, em especial, é investigado pela psicologia ambiental, visto que este campo tem grande interesse nos estudos sobre comportamentos pró-ambientais. Pato e Tamayo (2006) dividiram as crenças ambientais em crenças ecocêntricas e crenças antropocêntricas. No entanto, o estudo de variáveis cognitivas como representantes de ideologias, pesquisadores cognitivistas vêm destacando a importância de estudar também o aspecto afetivo que se liga às cognições. Watson, Clark e Tellegen (1988) dividem duas motivações, consagrando essa divisão entre afetos positivos e negativos. Foram realizados dois Estudos com o propósito de mapear viés cognitivo e afetivo do veganismo. O Estudo 1, uma pesquisa qualitativa, a ser realizada por meio de entrevista semiestruturada, com análise dedutiva dos dados. O Estudo 2, uma pesquisa de método misto, com o objetivo de realizar uma análise temática de conteúdo levantado de fontes secundárias. O primeiro estudo teve seu corpo de verbalizações analisado por meio da técnica de análise temática proposta por Minayo (2008), já no Estudo 2 foi realizado um agrupamento temático em uma tabela e um outro agrupamento temático em duas tabelas contendo a frequência e a porcentagem de comentários racionais, afetivos positivos, afetivos negativos, ecocêntricos e antropocêntricos. O estudo 1 mostrou o papel das crenças antropocêntricas na preocupação com saúde pessoal e no bem-estar, e ecocêntricas, no respeito à natureza. Os afetos positivos surgiram nos argumentos dos participantes como alívio da culpa e sensação de paz e foram associados à manutenção do veganismo, enquanto afetos negativos, como culpa e revolta, motivaram a adoção do veganismo. O estudo 2 revela que argumentos a favor do veganismo são majoritariamente ecocêntricos (85%), enquanto argumentos contra tendem a ser antropocêntricos (89,48%). As crenças ecocêntricas estão associadas a comportamentos pró-ambientais, enquanto as antropocêntricas justificam a exploração da natureza para satisfazer necessidades humanas.

Palavras-chave


Psicologia ambiental; comportamento pró-ambiental; afetos e crenças.

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.9975

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