
Investigação dos fatores associados ao baixo peso de recém-nascidos em um hospital público do Distrito Federal
Resumo
O baixo peso ao nascer corresponde ao recém-nascido que pesou menos de 2.500 gramas no parto. Essa condição possui relevância pois, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, afeta mais de vinte e um milhões de bebês ao ano, no mundo. A ocorrência da patologia é fruto etiológico da soma de múltiplos fatores como o sociodemográfico e epidemiológico materno. De igual maneira, impacta a saúde neonatal a curto prazo por aumentar as chances de mortalidade infantil, assim como, a longo prazo por estar vinculado a maior propensão futura à hipertensão. Este estudo consiste em uma pesquisa quantitativa, transversal de caráter descritivo que investigou fatores associados ao baixo peso de bebês nascidos no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), entre outubro de 2023 e março de 2024. A coleta foi realizada com exploração de prontuários eletrônicos e através de entrevistas com as puérperas. As variáveis maternas investigadas foram a idade, naturalidade, cor/raça, logradouro, grau de instrução, estado civil, ocupação, renda, condições de saneamento básico, local do pré-natal, quantidade de consultas, risco gestacional e antecedentes obstétricos. A amostra foi composta por 81 puérperas e 87 recém-nascidos, ressaltando que 6 neonatos evoluíram para óbito. A prevalência de recém-nascidos de baixo peso foi de 9,35%. As puérperas apresentaram idade média de 28,85±7,64 anos, identificadas como pardas (65,43%), residentes no Distrito Federal (87,65%), donas de casa (50,62%), com mais de 9 anos de escolaridade (61,72%), casadas ou em união estável (55,5%). O pré-natal foi realizado por 93,83% das puérperas, com ao menos 6 consultas (65,43%), iniciadas no primeiro trimestre (80,26%), na rede pública de saúde (93,54%). As principais intercorrências gestacionais relatadas foram as infecções (39,51%), em especial do trato urinário, seguida da hipertensão (17,28%). No acompanhamento pré-natal, 92,59% das gestantes receberam prescrição medicamentosa e 30,86% interromperam o tratamento espontaneamente. Foi observado que 36,15% das gestantes fizeram uso tanto isolado, quanto associado, de substâncias como álcool, fumo e outras drogas ilícitas. Concluindo, nossos resultados revelaram similaridades de fatores de risco para o baixo peso ao nascer já bem documentados na literatura, excetuando a escolaridade, presença de cônjuges juntos as gestantes, bons resultados de condições sanitárias nas moradias e os bons índices do acompanhamento pré-natal, que foram discordantes. Neste sentido, intuímos a necessidade de olharmos para a qualidade do pré-natal prestado a essas gestantes. Um fator determinante para esta observação foi uma maior prevalência de recém-nascidos de baixo peso, quando comparado com a média nacional, o uso de drogas lícitas e ilícitas e ainda a descontinuação do tratamento medicamentoso por parte das gestantes. Considerando que o pré-natal deve assegurar o desenvolvimento saudável da gestação, com repercussões positivas para o bebê, acreditamos que nossos achados pontuam algumas lacunas, que podem contribuir para uma melhor qualificação do serviço prestado, sobretudo nos aspectos psicossociais destas gestantes, endossando assim as atividades educativas, preventivas e de acompanhamento ativo das orientações realizadas pelos profissionais de saúde.
Palavras-chave
baixo peso ao nascer; fatores de risco; recém-nascido de baixo peso
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.9987
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