Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com atresia esofágica em uma unidade de terapia intensiva neonatal do Distrito Federal

Laura de Almeida Lemes, Isadora Bontorin de Souza, Miriam Martins Leal

Resumo


A atresia esofágica (AE) é uma condição congênita rara caracterizada pelo
desenvolvimento incompleto do esôfago, frequentemente acompanhado por uma
comunicação anormal entre o esôfago e a traqueia, chamada de fístula traqueoesofágica
(FTE), sendo o tratamento cirurgico. O objetivo dessa pesquisa é descrever o perfil
epidemiológico e clínico dos pacientes operados de atresia esofágica de uma Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal de um hospital público de Brasília-Distrito Federal (DF), em
um período de 5 anos. Trata-se de um estudo transversal retrospectivo baseado na
análise de prontuários de pacientes internados na unidade referida, de janeiro de 2020 a
julho de 2024, após aprovação do comitê de ética da secretária de saúde do DF. A
análise estatística deu-se por meio do Software R® e foi realizado estatística descritiva
de frequência, média e a analítica foi realizado a correlação de Pearson, para identificar
dados clinicos relacionados com a mortalidade. Foram avaliados 34 prontuários, dos
quais 76,5% dos pacientes eram provenientes do DF, com predominância de nascimento
no termo (61,8%), com baixo peso (52,9%) e adequados para a Idade Gestacional (AIG)
- 88,2%, sendo o sexo masculino mais frequente (70,6%). A classificação do tipo de
AE, predominante foi a C (73,5%), em 61,8% dos casos de AE, havia associação de
outra malformação, sendo que 15,6% foram classificadas como graves. O ato
operatório de correção da atresia cursou com complicações em 35,3% dos casos, sendo
alguns deles colostomia, esplenectomia e óbito. A posteriori em 55,9% dos pacientes
apresentaram complicações da cirurgia, sendo mais frequente a deiscência da
anastomose (42,1%), seguida de fístula (26,4%). A a idade média de início da dieta foi
de 10,9 dias, o tempo de dieta zero foi 16,1 dias, a via de dieta predominante foi por
Sonda Transanastomótica (48,5%), seguida pela gastrostomia (39,4%), essas últimas
com alto índice de complicações(76,9%) e o tempo médio de nutrição parenteral foi de
25,2 dias. Sepse tardia foi prevalente em 64,7% dos pacientes, sendo registrado apenas
27,3% de infecção de acesso venoso e o tempo médio de uso de acesso central foi de
12,4 dias. O óbito ocorreu em 23,5% dos casos, mais alta do que a literatura, a média do
tempo de internação na unidade de neonatologia foi de 45,7 dias e a média de internação
hospitalar foi de 57,6 dias. Houve correlação positiva fraca entre o uso de drogas
vasoativas e muito fraca entre tempo de drenagem torácica e a mortalidade. Conclui-se
que a incidência de AE foi de 7 casos por ano na referida unidade com alta taxa de
mortalidade. A pesquisa demonstra haver fatores de risco mitigáveis e podem ser
modificados com aprimoramento dos cuidados desses recém-nascidos no
pós-operatório.


Palavras-chave


atresia esofágica; perfil epidemiológico; perfil clínico.

Texto completo:

PDF


DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.9999

Apontamentos

  • Não há apontamentos.

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia