Pacientes portadores de HIV/Aids atendidos em um centro de referência no Distrito Federal: o que sabemos sobre eles?
Resumo
A AIDS representa uma das pandemias mais emblemáticas desde o seu surgimento na década de 80 e, ainda hoje, vê-se grande número de novos infectados com o vírus HIV a cada ano. Decorrente a isso, a Organização das Nações Unidas fundou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), cujo guia é a meta 95-95-95: conquistar o marco de 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; destas, 95% em tratamento; e das pessoas em tratamento, 95% com carga viral em supressão até o ano de 2030. Apesar de muitas conquistas terem sido alcançadas ao longo dos anos com políticas de enfrentamento desenvolvidas no Brasil, a redução da transmissão do HIV/AIDS no DF ainda é um desafio e o sucesso das estratégias de enfrentamento dependem do conhecimento aprofundado da população acometida. Este estudo analisou o perfil sociodemográfico, epidemiológico e de tratamento de pacientes com HIV/AIDS atendidos no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (CEDIN) do Distrito Federal. Para isso, foram investigadas as variáveis: sexo, gênero, idade, escolaridade, etnia, ocupação, principais infecções oportunistas segundo Critério Rio de Janeiro/Caracas, forma de transmissão do HIV, data do diagnóstico, carga viral (número de cópias virais por mililitro de sangue), contagem de células CD4 e CD8 (em cópias por milímetros cúbicos de sangue) após diagnóstico HIV/AIDS e na vigência do tratamento, a terapia antirretroviral, adesão e tolerância a medicação. Trata-se de um estudo transversal, realizado de janeiro a julho de 2023, incluiu pacientes com 13 anos ou mais que recebiam acompanhamento contínuo no CEDIN. A coleta de dados envolveu revisão de prontuários eletrônicos utilizados no serviço e fichas de notificação do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Assim, foram avaliados 269 pacientes, com predomínio do sexo masculino (85,50%), com a média de idade de 34,32 ± 10,69 anos, identificados como pardos (54,65%) e com ensino médio a superior completo (60,97%). A transmissão sexual é a mais comum totalizando 95,91% dos casos, com destaque para relações homossexuais (53,16%). A maioria dos pacientes estava assintomática no momento da notificação, mas entre os sintomáticos, as manifestações mais frequentes foram caquexia (12,64%), astenia (8,55%) e febre persistente (5,20%). Após o início do tratamento, a maioria dos pacientes alcançou uma carga viral indetectável (42,38%), utilizando principalmente a combinação de tenofovir, lamivudina e dolutegravir (TDF/3TC + DTG). A adesão ao tratamento foi observada em 67,3% dos pacientes. Houve discreta intolerância medicamentosa (9,7%), sobretudo gastrointestinal. Como conclusão, observou-se que o perfil de pacientes encontrado é semelhante ao visualizado no início da pandemia de AIDS. Contudo, a notificação inadequada continua a ser um problema, impactando não só a vigilância e a resposta ao HIV/AIDS, como também o refinamento de estudos sobre os dados epidemiológicos dos pacientes.
Palavras-chave
HIV; AIDS; terapia antirretroviral
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PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2023.10001
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