Transtorno do espectro autista em meninas: uma análise comparativa envolvendo estudos de gênero e possível sub reconhecimento na população feminina
Resumo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido por déficits na comunicação e
interação social. A maior prevalência em meninos em relação a meninas sugere modelos
comportamentais diferentes, delineando um fenótipo autista feminino, caracterizado pela
maior capacidade social e menor externalização de movimentos estereotipados repetitivos,
camuflando as dificuldades de interação. Esses fatores contribuem para um diagnóstico tardio
ou para o não diagnóstico de TEA em meninas. Existem estudos que sugerem a possibilidade
de um viés masculino nos atuais instrumentos relevantes para a avaliação do TEA, haja vista a
predominância de amostra masculina no primeiro fenótipo de TEA descrito. Assim, meninas
tendem a ter pontuação normal e apenas garotas com déficits graves de comunicação e
comportamento são identificadas. Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico de pacientes
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças de um serviço público de Brasília,
dando enfoque a possíveis diferenças de gênero. Metodologia: Estudo realizado em 2 etapas.
A primeira consistiu em uma análise retrospectiva de prontuários dos pacientes e a segunda
se deu pela aplicação de questionários direcionados aos responsáveis das crianças, avaliando
os critérios do DSM-5 e aplicando os instrumentos diagnósticos ASSQ, ABC e M-CHAT.
Resultados e discussões: Não foram encontradas diferenças epidemiológicas entre os grupos.
Nos critérios do DSM-5 foi observada distribuição diferente dos domínios entre meninos e
meninas. No ASSQ, ambos os grupos obtiveram pontuação semelhante e no ABC, as meninas
obtiveram maior pontuação. O M-CHAT -CHAT foi desconsiderado para análise, pois houve
apenas 1 paciente elegível para aplicação. Considerações finais: Percebe-se que existem
diferenças no diagnóstico de meninas com TEA, sendo que nas meninas o predomínio dos
critérios A e B do DSM-V (comunicação e interação social, padrões restritivos e repetitivos de
comportamento), enquanto que nos meninos há uma distribuição mais homogênea na
sintomatologia e na gravidade. Mais estudos sobre esse tema ainda muito desconhecido são
necessários.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2020.8340
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