Interfaces entre gênero e psicanálise: masculinidades, sofrimento psíquico e violência

Tamna do Nascimento Batista, Lívia Campos e Silva

Resumo


Os homens são, além de principais agentes, os principais alvos dos atos violentos
cometidos por outros homens e como alvo também se inclui a violência contra a mulher, o
que se confirma com os índices elevados de violência tanto contra a mulher quanto entre os
homens. O impacto perturbador dos altos índices existentes ressalta, então, a necessidade
urgente de direcionar um olhar mais acurado aos processos de adesão dos homens a certos
padrões hegemônicos de masculinidade, de modo a examinar as dinâmicas que estão em
jogo na produção de comportamentos e discursos violentos. Desse modo, o objetivo desta
pesquisa é investigar o lugar que a violência possui na constituição das masculinidades no
contexto dos processos de subjetivação dos homens. Trata-se de examinar os fatores que
estão em jogo nos comportamentos e discursos agressivos que os homens direcionam às
mulheres, e também a outros homens, a fim de compreender as possíveis relações do
fenômeno da violência com os processos de transformação sócio-histórico-cultural das
masculinidades, bem como com as dinâmicas subjetivas de internalização de ideais
normativos relacionados ao masculino e com os modos de sofrimento psíquico que advém
como efeito desse processo. Para tal, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
cinco homens cisgêneros e heterossexuais, entre 18 e 60 anos de diferentes classes sociais e
analisadas a partir da metodologia da Análise do Discurso em articulação com a psicanálise.
As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas a fim de facilitar o processo de
análise. Portanto, as análises foram planejadas por meio de dois eixos: “a naturalização da
violência” e “A ausência de lugar diante das crises contemporâneas das masculinidades”. Em
relação ao primeiro eixo, foi possível verificar que a violência é uma manifestação das
relações de poder entre homens e referente às mulheres, além de um permissibilidade em
utilizá-la para expressar os sentimentos, especialmente a raiva, em diversos contextos
baseado nas exigências advindas de uma masculinidade hegemônica e uma tentativa de
resgate identitário frente a feridas narcísicas. Já em relação ao segundo eixo, analisa-se as
crises das masculinidades diante a desconstrução do masculino, gerando sofrimento diante
uma identificação de culpabilização com o masculino, sendo essa culpa alimentada pela
própria neurose do indivíduo que o conduz para um não lugar que o silencia e o deixa
acuado. Por fim, a pesquisa foi muito enriquecedora e possibilitou o vislumbre de novas
possibilidades de estudos


Palavras-chave


masculinidades; psicanálise; violência; sofrimento psíquico

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DOI: https://doi.org/10.5102/pic.n0.2021.8884

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