A IMO e a repressão ao roubo armado contra navios: da retórica internacional à cooperação regional

André Panno Beirão, Charles Piñon

Abstract


O objetivo deste artigo é analisar a mudança de postura da Organização Marítima Internacional (IMO) na repressão ao roubo armado contra navios, após os atentados de 2001 aos Estados Unidos da América. O roubo armado contra navios tem como características tratar-se de um ilícito que se consuma nos espaços marítimos sujeitos à soberania dos Estados costeiros. Para que sejam adotadas políticas eficazes de repressão a este ilícito, torna-se fundamental contar com a cooperação dos Estados costeiros afetados, ao mesmo tempo em que se busca o apoio da comunidade internacional, principalmente no financiamento das medidas que permitam sair da mera normatização para uma ação eficaz. Para a elaboração deste trabalho, foram analisados os principais instrumentos multilaterais afetos à segurança marítima elaborados no âmbito da IMO, bem como os acordos regionais de cooperação no combate ao roubo armado e à pirataria, conhecidos como os códigos de conduta, firmados no âmbito do Sudeste Asiático e do Golfo da Guiné. O artigo conclui que na repressão ao roubo armado contra navios a IMO vem minimizando seu papel de órgão regulamentador, substituindo-o pela adoção de estratégias que visam à cooperação regional e à implementação de soluções autóctones, inclusive para minimizar a falta de financiamento aos projetos de repressão a esse ilícito. A relevância do estudo encontra-se em apontar os fatores que fizeram com que a IMO deixasse de ser uma organização normatizadora de nível global para assumir o papel de facilitadora de instrumentos multilaterais de cooperação regional na repressão ao roubo armado contra navios.

Keywords


roubo armado contra navios, IMO, segurança marítima, cooperação regional, código de conduta.

References


ABHYANKAR, Jayant. The Phantom Vessel Phenomenon: an update. In: MEJIA, Maximo Quibranza; XU, Jingjing (Ed.). Coastal zone piracy and other unlawful acts at sea: a selection of papers and presentations from the international symposium on the new regime for the suppression of unlawful acts at sea, 21-23 november 2005 and the international symposium on coastal zone piracy, 13-15 november 2006. Malmö: WMU, 2007. p. 150-156.

BALKIN, Rosalie. The International Maritime Organization and maritime security. Tulane Maritime Law Journal, New Orleans, v. 30, n. 1/2, p. 1-34, winter/ summer, 2006.

BEIRÃO, André Panno. “Segurança no mar”: que segurança? In: BEIRÃO, André Panno; PEREIRA, Antônio Celso Alves (Org.). Reflexões sobre a Convenção do Direito do Mar. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão, 2014. p. 127-166.

BLANCO-BAZÁN, Agustín. IMO: historical highlights in the life of a un agency. Journal of the History of In-ternational Law, Leiden, v. 6, n. 2, p. 259-283, July/Dec. 2006.

BRASIL. Decreto n. 1.530, de 22 de junho de 1995. Declara a entrada em vigor da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, concluída em Montego Bay, Jamaica, em 10 de dezembro de 1982. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2015.

BRASIL. Decreto n. 6.136, de 26 de junho de 2007. Promulga a Convenção para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima e o Protocolo para a Supressão de Atos Ilícitos contra a Segu¬rança de Plataformas Fixas Localizadas na Plataforma Continental, ambos de 10 de março de 1988, com reservas ao item 2 do artigo 6o, ao artigo 8o e ao item 1 do artigo 16 da Convenção, bem como ao item 2 do artigo 3o do Protocolo. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2015.

BULKELEY, Jennifer C. Regional cooperation on maritime piracy: a prelude to greater multilateralism in Asia? Journal of Public and International Affairs, Princeton, v. 14, p. 20-39, Spring, 2003. Disponível em: . Acesso em: 05 jan. 2015.

CHALK, Peter. The maritime dimension of international security: terrorism, piracy, and challenges for the United States. Santa Monica: RAND Corporation, 2008. (Project Air Force).

COMMERCIAL CRIME SERVICES. IMB Piracy Reporting Centre. 2014. Disponível em: . Acesso em: 23 jun. 2015.

ESTEVES NETO, Ernesto Gomes. Organizações Internacionais e o direito do mar. In: MENEZES, Wagner (Org.). Direito do mar: desafios e perspectivas. Belo Horizonte: Arraes, 2015. p. 69-87.

GENEVA ACADEMY OF INTERNATIONAL HUMANITARIAN. Counterpiracy under International Law. Genève: Université de Genève, 2012. (Academy Briefing, n. 1) Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2015.

INTERNATIONAL CRISIS GROUP. The Gulf of Guinea: the new danger zone. Africa Report, Nairobi, n. 195, 12 Dec. 2012. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZA¬TION. Code of Conduct Concerning the Repression of Piracy, Armed Robbery Against Ships, and Illicit Maritime Activity in West and Central Africa. 2013. Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2015

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZA¬TION. International Maritime Organization (IMO) Strategy for Implementing Sustainable Maritime Se¬curity Measures in West and Central Africa. Jan. 2014. Disponível em: . Acesso em: 04 jan. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION. Resolution A. 545(13), 17 November 1983. Measures to Prevent Acts of Piracy and Armed Robbery Against. Disponível em: . Acesso em: 18 abr. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZA¬TION. Resolution A.1025(26), 02 December 2009. Code of practice for the investigation of crimes of piracy and armed robbery against ships. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION. Resolution A.584(14), 20 November 1985. Mea-sures to prevent unlawful acts which threaten the safety of ships and the security of their passengers and crews Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION. Resolution A.924(22), 20 November 2001. Review of measures and procedures to prevent acts of terrorism which threaten the security of passen¬gers and crews and the safety of ships. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2015.

INTERNATIONAL MARITIME ORGANIZATION. Structure of IMO. Disponível em: . Acesso em: 19 abr. 2015.

JAPAN. Ministry of Foreign Affairs. Regional Cooperation Agreement on Combating Piracy and Armed Rob¬bery against Ships in Asia (ReCAAP). Disponível em: . Acesso em: 30 abr. 2015.

KARIM, Md. Saiful. Implementation of the MARPOL convention in developing countries. Nordic Journal of International Law, Leiden, v. 79, n. 2, p. 303-337, 2010. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2015.

KRASKA, James. Contemporary maritime piracy: in¬ternational law, strategy, and diplomacy at sea. Santa Barbara: Praeger, 2011.

MEJIA JR, Maximo Q. Developing the concept of a security culture on board ships. In: MEJIA, Maximo Quibranza; XU, Jingjing (Ed.) Coastal zone piracy and other unlawful acts at sea: a selection of papers and presentations from the international symposium on the new regime for the suppression of unlawful acts at sea, 21-23 november 2005 and the international symposium on coastal zone piracy, 13-15 november 2006. Malmö: WMU, 2007. p. 157-169.

MEJIA JR, Maximo Q.; MUKHERJEE, P. K. The SUA Convention 2005: a critical evaluation of its effective¬ness in suppressing maritime criminal acts. The Journal of International Maritime Law, Witney , v. 12, n. 3, p. 170-191, 2006. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2015.

PEÑA, Félix. Direito e instituições no Mercosul: um balanço de conquistas e insuficiências. In: AMBOS, Kai; PEREIRA, Ana Cristina P. (Org.). Mercosul e União Europeia: perspectivas da integração regional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 91-106.

PORTO, Manuel. Processos de integração econômica: perspectivas para o Mercosul e para a União Européia. In: AMBOS, Kai; PEREIRA, Ana Cristina P. (Org.). Mercosul e União Europeia: perspectivas da integração regional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 107-126.

TREVES, Tullio. Piracy, law of the sea, and use of force: developments off the coast of Somalia. The European Journal of International Law, Oxford, v. 20, n. 2, p. 399-414, Apr. 2009. Disponível em: . Acesso em 18 out. 2010.




DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v12i1.3359

ISSN 2236-997X (impresso) - ISSN 2237-1036 (on-line)

Desenvolvido por:

Logomarca da Lepidus Tecnologia